3.9.09

Era uma vez um menininho...


Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.

Uma manhã, a professora disse:

- Hoje nós iremos fazer um desenho

"Que bom!"- pensou o menininho.

Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos...Pegou a sua caixa de lápis-de-cor e começou a desenhar.

A professora então disse:

- Esperem, ainda não é hora de começar !

Ela esperou até que todos estivessem prontos.- Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.

E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.

A professora disse:

- Esperem ! Vou mostrar como fazer.E a flor era vermelha com caule verde.- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.

O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor.Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso...Virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora.

Era vermelha com caule verde.

Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:

- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.

- "Que bom !"!!!. Pensou o menininho.Ele gostava de trabalhar com barro.

Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões.

Começou a juntar e amassar a sua bola de barro.

Então, a professora disse:

- Esperem ! Não é hora de começar !Ela esperou até que todos estivessem prontos.- Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.

"Que bom !" - pensou o menininho.Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.

A professora disse:

- Esperem ! Vou mostrar como se faz. Assim, agora vocês podem começar.E o prato era um prato fundo.

O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso.

Amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo, igual ao da professora.

E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora.

E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio.Então aconteceu que o menininho teve que mudar de escola.Essa escola era ainda maior que a primeira.

Um dia a professora disse:

- Hoje nós vamos fazer um desenho.

"Que bom !"- pensou o menininho e esperou que a professora dissesse o que fazer.

Ela não disse.Apenas andava pela sala.

Então veio até o menininho e disse:

- Você não quer desenhar ?

- Sim, e o que é que nós vamos fazer ?

- Eu não sei, até que você o faça.- Como eu posso fazê-lo ?

- Da maneira que você gostar.

- E de que cor ?

- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber o que cada um gosta de desenhar ?

- Eu não sei . . .E então o menininho começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde...

Autoria de Helen Buckley

Esse texto faz com que possamos fazer uma boa reflexão de que tipo de aluno queremos formar,uma simples atitude,fala ou gesto de um professor pode deixar marcas por uma vida inteira.

Eu tenho duas marcas de escola que carrego comigo e me frustrão.A primeira foi quando eu estudava na 2ª série,hoje 3º ano do estudo fundamental,era uma escola Estadual na cidade de Santo Ângelo quando a professora deu um desenho mimeografado para pintarmos e ela olhou para mim e disse:Não é assim que se pinta deixa que eu pinto para ti.

E assim por várias vezes ela repetiu essa cena.O que ela me ensinou com esse ato,nada.Tudo que essa inocente professora conseguiu em sua atitude, que acredito não ser de má intenção,foi fazer eu acreditar que não podia pintar um desenho como os demais colegas.Até o entrar no curso de magistério tinha horror de pintar.Fui perdendo aos poucos e ao ingressar na rede municipal aprendi a pintar com uma colega e amiga que fui observando como fazia e fui pegando o gosto.Sei que muitas vezes tentando acertar acabamos cometendo gafes e interferindo na criticidade dos sujeito.Às vezes as marcas são profundas mas outras podem deixar cicatrizes e isso pode causar danos na vida da peesoa,não apenas em sua vida escolar.

Um outro fato é que em uma outra escola na 4º série a professora tinha uma afeição muito especial por um aluno que era filho de uma outra professora.Então tudo que ele falava era o certo,era motivo para elogios.Sempre que tinhamos que relatar oralmente um tema quando erravamos ela nos humilhava e debochava .E eu como sempre fui tímida acabei me retraindo e falar em público para mim é quase que um pânico.

Esses tempo estava em casa conversando com meu esposo , cheguei a chorar,porque ele perguntou por que que eu não tinha segurança ao falar se muitas vezes eu sabia a resposta,foi ai que contei a ele fatos dessa época.Foi quando ele disse que agora entendia porque me calava muita vezes.

Ser professor é uma tarefa um tanto gigantesca digamos assim.lidamos com pessoas.Seres com emoções,sentimentos,vontades,expressões,histórias de vida diferentes,qualquer deslize causamos um dano que muitas vezes podem ser irreparável que foi o caso "do meninho" será que ele sabera resgatar sua criatividade e autonomia?Talvéz se tornara uma pessoa insegura um profissional sem inicicativas próprias,porque aprendeu assim.

Um comentário:

LIDIANE disse...

Oi Lú! é realamente incrível como nós professores marcamos a vida dos nossos alunos sem saber! Eu também tenho marcas da escola guardadas até hoje. Uma delas foi na educação infantil, antiga pré escola. A minha professora mandou que eu pintasse um hipopótamo e toda vez que passava por mim virava a minha folha dizendo que eu pintava, pois mantia a minha folha na horizontal, quando ela queria que ficasse, não sei por que, na vertical.Ao final ela utilizou dois desnhos para expor aos alunos como se pintava um desenho e como não era o certo.E este feio, horroroso, termos usados por ela, era o meu! Até hoje não me sinto a vontade em aulas de educação artística. Bjus